sábado, 30 de agosto de 2008

Sociologia e a Igreja

Comecei a estudar Sociologia. É interessante. Serve pra ver as coisas que nos cercam sobre outro prisma.

Por exemplo, recentemente vi uma entrevista de um padre chamado Paulo Ricardo, e ele respondeu uma pergunta sobre sociologia e ideologia marxista mais ou menos assim:

“A primeira coisa é compreendermos que, através da ideologia marxista, se tende a ler tudo a partir da sociologia. Então, quando, por exemplo, encontramos uma pessoa que começa ler a Bíblia e em todas as suas passagens tira alguma aplicação social, esse é um indício, um sinal bastante claro de que, talvez, ela esteja seguindo esse tipo de pensamento marxista. Sabemos que a Sagrada Escritura tem uma lição social, mas nós não podemos extrair dela apenas uma mensagem social.”

Lendo um artigo sobre o crescimento dos evangélicos no Brasil, retirei o trecho abaixo, mostrando os pentecostais sob um olhar sociológico:

Enquanto os protestantes representam 5,0% do total da população brasileira, os pentecostais representam 10,6% da população. Sob o rótulo “pentecostais” agrupamos igrejas com ênfases e estilos bastante diferenciados. Entretanto, sob a perspectiva sociológica é possível identificar alguns traços comuns na multiplicidade pentecostal:

As igrejas pentecostais, no seu conjunto, são mais urbanas que rurais, mais femininas que masculinas (têm cerca de 10% de mulheres a mais que a média), têm muitas crianças (até os 15 anos), mas poucos adolescentes de 15-20 anos e, em geral, em todas as idades, estão um pouco abaixo da média. Quanto à raça ou cor, têm mais negros, pardos e indígenas que a média; têm pouquíssimos amarelos. O nível de instrução é baixo. Quase não há fiéis com formação superior ou pós-graduação.

Quando observamos as igrejas do Brasil sob a perspectiva sociológica, é possível identificar certos regionalismos dentro das igrejas. Por exemplo,em alguns estados do nordeste, como a Paraíba, o pastor não costuma usar paletó, principalmente pelo clima quente, mas também pela visão do povo. No Nordeste, terno é para vendedor. Já no Sul, o pastor de terno está mais ligado à imagem do executivo, do empreendedor. O pastor tem de vestir a roupa do povo e, sobretudo, entender a alma desse povo.

Nos últimos anos, têm-se notado a mudança dos cultos das igrejas. Buscando aumentar cada vez mais os fiéis participantes, há diversas modalidades de cultos: desde aquele para o perfil conservador, em que se usa um órgão de tubos, até para o pentecostal extremista, em que tudo é guiado pelo fogo do Espírito Santo.

O crescimento das igrejas Pentecostais pode ser causado também pelas mudanças vividas pela sociedade brasileira.

O êxodo dos habitantes do interior para as grandes cidades fez com que as igrejas pentecostais ganhassem mais adeptos, já que no catolicismo popular interiorano há uma grande participação dos fiéis, e quanto eles de deparam com a necessidade de freqüentar uma igreja na cidade, geralmente vão para uma igreja pentecostal, que há em número bem maior do que a igreja católica.

Dessa forma, as igrejas pentecostais respondem e solucionam simbolicamente os fracassos da metrópole moderna. Eles prometem emprego, casa, bem estar familiar, coesão e solução para os problemas mais vitais.

Estas igrejas prometem a bênção de Deus aos fiéis, desde que eles contribuam com o dízimo, o que tem de fato surtido efeitos concretos, levando as pessoas a acreditarem que Deus realmente as abençoou. A Sociologia, por exemplo, quer saber por que esses fiéis melhoraram. Duas causas apareceram com muita clareza: primeiro porque estas igrejas convertem estes homens e estas mulheres para uma vida mais disciplinada e eles começam a ser melhores trabalhadores; o segundo ponto é que, ao terem uma vida mais regrada, estes fiéis passam a economizar mais.

Finalizo aqui. O assunto é comprido, e requer análise profunda, a qual eu ainda não tenho condições de fazer.

Mas quando elaborar outro texto, publico aqui.

Um comentário:

Anônimo disse...

A influência do "Evangelho Social" e de alguns grupos pentecostais (através da Teologia da Prosperidade) tem causado um certo impacto positivo na sociedade brasileira, mas até que ponto gera impactos positivos na vida cristã! Aguardo a próxima postagem!

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